quinta-feira, 28 de julho de 2011

Nostalgia poética....




"Mesmo que as pessoas mudem e suas vidas se reorganizem, os amigos devem ser amigos para sempre, mesmo que não tenham nada em comum, somente compartilhar as mesmas recordações."
VINÍCIUS DE MORAES

Ainda ontem, ouvi aquela canção do Lulu que diz "vamos viver tudo que há pra viver, vamos nos permitir...", me veio imediatamente a cabeça uma frase, dita por uma grande amiga, "as prioridades se alteram"  dizia ela, e, unindo ambas as afirmações, chego a conclusão que, sim, é verdade, devemos viver intensamente cada história, com cada pessoa, em cada dado momento, pois, existem severas reticências após o amanhã; 
O amigo de infância que vivia em sua casa, brincava com seus brinquedos, viajava junto para a praia, dividia o beliche e até chamava sua mãe de "tia", hoje passa por você na rua, mal faz um aceno, ou um pequeno movimento com a cabeça, simbolizando um cumprimento. Mas como assim? E as recordações daquela infância tão maravilhosa, de subir em árvores, tomar banho de mangueira, comer bolo recém saído do forno, roubar fruta do pátio alheio e tudo mais, onde foram parar? Em um balançar de cabeça dizendo que "Oi tudo bem, você é o Joãozinho não é?"; Pois bem, exatamente assim que as coisas tem funcionado, frias e calculadas. Reencontros tornaram-se raros, e essa falta de "memória afetiva" me entristece; não sei passar por um ex-colega ou um antigo amigo e não sorrir com alegria, nem mesmo abraça-lo e enche-lo de perguntas, saber como está, se seus sonhos já se concretizaram, se concluíra aquele curso que tanto queria, se enfim conseguira conquistar aquela nossa colega por quem tinha uma paixão platônica...
E volto a lhes questionar, porque as prioridades se alteram tanto? O que leva a esse distanciamento de quem tanto nos era intimo e próximo? Quando Vinícius de Moraes cita que "tenho amigos que não sabem o quanto são meus amigos", eu tímida e humildemente acrescento, "tenho amigos que não sabem o quão ainda são importantes para mim, o quanto me fazem falta, e o quanto estão presentes em minhas boas e felizes lembranças..."
Dia desses, estava eu na secretaria da escola onde estudei minha vida toda (até o ensino médio) requerendo uma cópia de documento, um homem chega ao meu lado, em frente ao balcão, olha para o lado e, para mim surpresa pergunta:
__ Por acaso tu não é a Franciele? - olhei para ele tentando lembrar de onde conhecia aquele rosto não estranho, e disse-lhe:
__ Sim, sou.
__ Sou o Marcelo. Não está lembrada de mim? Lembra que lá pela segunda ou terceira série brincávamos naquela árvore grande no fundo da escola, até que um dia resvalei de um dos galhos, caí e quebrei o cotovelo? Foi tu quem me socorreu! Pediu que eu esperasse que ia procurar ajuda e já voltava. - paralisei diante daquele breve e nostálgico "relato", e essa minha teoria de que ninguém ta nem aí pra ninguém, nem mesmo lembra que a pessoa um dia existiu em suas vidas, caiu por terra. Sabe quando a memória é bombardeada por inúmeras lembranças de inúmeros momentos e ocasiões, de acontecimentos que parecem tão tolos e sem sentido, como correr por todo aquele imenso pátio da escola, ou das competições de quem chegava mais alto no balanço, quem pulava corda mais rápido sem cair, ou quem conseguia descer de pé no escorregador.... São coisas e lapsos tão pequenos mas tão valiosos que te remetem a um tempo não muito distante,porém finito, que deixara uma grande lacuna por, na verdade, as prioridades de repente terem se alterado e todos aqueles amigos, companheiros, colegas e tudo mais terem alçado voo e deixado esse enorme espaço em tua vida. Acredito que levei alguns instantes até conseguir responder a esse meu ex-colega. Fiquei impressionada de tal maneira por aquelas poucas palavras retroativas ditas por alguém que em um determinado(talvez, porém, curto) período ser tão essencial em minha vida, e que, não consegui reconhecer depois de uns bons quinze anos, mas que havia reconhecido-me e até mesmo lembrado de um simples fato que para ele fora tão importante e que para mim agora tornara-se também muito presente e especial. 
Após este estasiamento, consegui dizer que agora lembrava sim, e juntos, por alguns minutos, recordamos dezenas de outros acontecimentos daquela mesma etapa de vida; ele me falou que já havia casado, separado e que agora tinha uma filha, estava quase concluindo o curso de história, que já lecionava a alguns anos e tudo mais.
Nesse dia então, fiquei muito feliz, não apenas por tê-lo reencontrado, mas por saber que há pessoas que ainda mantém bem vivas dentro de si suas memórias afetivas; fiquei contente por saber que, as prioridades mudam sim, mas que lembranças, saudades, e bons sentimentos são eternos.

domingo, 10 de julho de 2011

Palavra, sentimento, estado de espírito...


“Em alguma outra vida,devemos ter feito algo muito grave,para sentirmos tanta saudade... 
Saudade é não querer saber se ele está com outra,e ao mesmo tempo querer.
É não saber se ele está feliz,e ao mesmo tempo perguntar a todos os amigos por isso...


É não querer saber se ele está mais magro,se ele está mais belo,
Saudade é nunca mais saber de quem se Ama e ainda assim doer”
Martha Medeiros


quarta-feira, 6 de julho de 2011

E que o destino mostre a direção....


"Preciso que alguma coisa muito, muito boa aconteça na minha vida. Alguma coisa, alguma pessoa. Acho que tenho medo de não conseguir deixar que o passado seja passado, de aceitar verdades pela metade, e viver de ilusão. Eu preciso muito, muito deixar acontecer o momento da renovação, trocar de pele, mudar de cor. Tenho sentido necessidades do novo, não importa o quê, mas que seja novo, nem que sejam os problemas. Preciso abandonar essa “mania de passado”, retirar os entulhos, deixar a casa vazia para receber nova mobília, fazer a faxina da mente, da alma, do corpo e do coração."
Caio Fernando Abreu