domingo, 11 de setembro de 2011

Na infância bastava o sol lá fora e o resto se resolvia...

(Respectivamente: meu irmão Rodrigo, Eu e meu irmão Anderson)

Como é possível sentir falta de alguém que nem ao menos convivemos? O que pode explicar tal sentimento? Desde a infância essa dúvida perdura e questiona meus pensamentos; Tinha 9 meses quando meu irmão mais velho se foi, e acreditem, sinto muita falta dele...a sensação que tenho, é que teríamos nos dado muito bem, que seríamos parecidos um com o outro, não apenas fisicamente, falo em relação a personalidade, gênio, alma...
Quando pequena lembro de sonhar com ele já adulto, e nos sonhos sempre me parecia estar feliz, sorrindo, e quase sempre segurando minha mão. Incrível isso, porque de fato, não houve um convívio em que minha memória pudesse recordar, ou até mesmo sentir tamanha ausência...
Alguns sentimentos realmente são inexplicáveis e indecifráveis. O que me conforta é essa sensação boa indicando que ele está bem, que foi feliz nesse curto período que esteve entre nós, e que Deus só leva pra junto dele, assim, tão cedo, pessoas de alma limpa e coração puro...
Só eu sei o quanto queria ter tido esse "contato" maior contigo meu irmão...e o quanto, em tantos momentos, te sinto presente na minha vida....
Que o teu sorriso posso nos iluminar sempre....

Dedicado à Anderson Job Garcia

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Perspicácia...



"Quem não compreende um olhar tampouco compreenderá uma longa explicação."
Mário Quintana

Ah os olhares...! Estes sim são traidores, revelam o que nossa alma está sentindo ainda que não saia sequer uma palavra de nossa boca; São traiçoeiros, instigantes, desestabilizadores; Algumas vezes doloridos, outrora indolores; são dignos de respeito, pois mesmo que calados e silenciosos provocam tamanho furacão dentro da gente, chacoalhando assim, nossos sentidos e sentimentos, desestruturando emoções.
 E como não falar dos olhares maldosos ou até mesmo pecaminosos? Estes são totalmente desprovidos de discrição, são diretos e avassaladores, atacam e agridem por querer, não fazem cerimônia, vão direto ao ponto, sem dó nem piedade; muitas vezes nos deixam destroçados e com a alma em pedaços.
Porém, nada melhor e mais confortador, do que aquele doce e terno olhar, que vem para "juntar" tudo de novo, pra por as coisas de volta nos seus devidos lugares; olhar terno, amável, que acolhe, que compreende cada lágrima e se bobear se compadece e  chora junto, sente junto. São olhares como esse, que fazem o coração se aquietar e voltar a bater no "compasso" certo...olhares como estes, confortam o espírito, amaciam a alma.

Metade (Oswaldo Montenegro)





(À Caroline Nunes, que é tão fã de Oswaldo quanto eu.)


Que a força do medo que tenho
não me impeça de ver o que anseio
Que a morte de tudo em que acredito
não me tape os ouvidos e a boca
Porque metade de mim é o que eu grito,
e a outra metade é silêncio...
Que a música que eu ouço ao longe
seja linda ainda que tristeza
Que a mulher que eu amo seja pra sempre amada 
mesmo que distante
porque metade de mim é partida 
mas a outra metade é saudade
Que as palavras que eu falo não seja ouvidas como prece
e nem repetida com fervor,
Apenas respeitadas como a única coisa que resta
à um homem inundado de sentimentos;
Porque metade de mim é o que ouço, 
mas a outra metade é o que calo....
que essa minha vontade de ir embora 
se transforme na calma e na paz que eu mereço;
e essa tensão que me corrói por dentro
seja um dia recompensada;
Porque metade de mim é o que penso
ma a outra metade é um vulcão...
Que o medo da solidão se afaste 
e que o convívio comigo mesmo
se torne ao menos suportável;
Que o espelho reflita em meu rosto
um doce sorriso que me lembro ter dado na infância;
porque metade de mim é a lembrança do que fui,
a outra metade eu não sei...
E que não seja precisa mais do que uma simples alegria
para me fazer aquietar o espírito
E que o teu silêncio me fale cada vez mais;
porque metade de mim é abrigo,
mas a outra metade é cansaço...
Que a arte nos aponte uma resposta
mesmo que ela não saiba
E que ninguém a tente complicar
porque é preciso simplicidade para fazê-la florescer;
porque metade de mim é plateia
e a outra metade é canção...
E que a minha loucura seja perdoada;
porque metade de mim é amor,
e a outra metade TAMBÉM!