quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

A tempestade que chega é da cor dos seus olhos castanhos...



Olhar nos olhos virou coisa tão rara, que desperdiçar isso, chega parecer coisa de louco; Morrer de amor ou viver de pudor?

Quando é mesmo a hora de passar a régua, preservar o que há de bom e trancafiar as lembranças naquele bauzinho empoeirado, que sabe-se lá onde anda a chave, se é que ela ainda existe. Não se sabe.
E essa ampulheta que não para, ou ao menos desacelera, para que vivamos entre pequenas pausas de realidade, e instantes de lucidez?
Essa coisa de que o tempo não para para que você o conserte, é fato, o que não tem conserto, fica para trás. Afinal, faz-se complicado jogar futebol com uma bola furada, beber água em um copo quebrado, ou até mesmo escrever com uma caneta sem tinta; pois por mais que a bola tenha sido seu melhor e mais significativo presente de natal, que aquele copo o tenha acompanhado desde a infância, trazendo-lhe boas e doces recordações; ou até mesmo que aquela caneta tu tenhas ganho da professora mais querida, na formatura de oitava série, torna-se impossível preservá-los para sempre, torna-se imprescindível abdicar de certas coisas, ainda que muito estimadas, embora isso nos pareça tão dolorido.
Algumas escolhas são tão significativas, que nos levam parte da alma, com elas se vão saudades, afagos, se vão partículas de uma história, que espalharão por aí, plainando levemente, até onde o vento achar que deva guiá-las.
Triste? De certa forma. Tudo que é bom, mas fica pelo caminho, se torna triste, não há boas lembranças que tragam de volta bons tempos ou grandes sentimentos, lembranças são feitas para lembrar, sentimentos existem para se sentir, e isso, infelizmente, não há nada que possa mudar.

"Então me abraça forte, e diz mais uma vez que já estamos, distantes de tudo;
temos nosso próprio tempo, não tenho medo do escuro, mas deixe as luzes acesas."