"Aquilo a que a lagarta chama fim do mundo, o homem chama borboleta."
(Richard Bach)
Estranho falar sobre isso, triste talvez, mas meus amigos, é assim, existem assuntos que são inevitáveis, para certas coisas não há querer, nem resistir, nem ao mesmo fingir que, "não, eu não vou passar por isso" ou "sou forte o bastante para superar tudo"... como assim? Por acaso você é o Super-man ou o Homem de Ferro? Ou você é de fato um ser HUMANO? Pois lhes afirmo, todos somos vulneráveis...
De repente se está atravessando a rua e, a pessoa que caminhava mais a sua frente e falava ao telefone é atropelada, como num filme, a cena congela, você paralisa, muitas pessoas vem para ao redor daquele até então desconhecido, e a sua coragem não o permite nem ao menos aproximar-se para ver o que de fato acontecera. Ao longe, ainda estagnado, você avista o motorista do carro, com as duas mãos sobre a cabeça gritando desesperadamente: "ela morreu! ela morreu! o que que eu fiz meu Deus?"; e ela era jovem, bonita, cabelos longos, pele clara, vestia-se bem, tinha 22 anos apenas, estava no 5º semestre de publicidade, ao telefone falava com a irmã mais velha, contava-lhe que havia sido pedida em casamento pelo namorado; estava feliz, sorrindo, trazia em uma das mãos seu primeiro contrato de trabalho e no peito toda uma alegria de viver. Tivera a vida interrompida abrupta e precocemente? Sim. Mas até este trágico e fatídico dia, vivera intensamente cada instante de sua vida, ousou, permitiu-se, fora feliz, e exatamente por isso tenha deixado tão cedo este mundo, era intensa demais, não deixara contas para o destino pagar, deixou tudo em dia, depois, simplesmente, partiu....
E assim acontece todos os dias, quantos sonhos roubados, carreiras interrompidas, projetos inacabados... sabe aquele rapaz que estava aqui à 15 minutos? Pois é, acaba de falecer, um descuido, uma ultrapassagem boba e inevitável, sentia-se seguro demais, isso jamais aconteceria com ele...mas aconteceu. E aquele senhor de cabelos brancos que usava sempre suspensórios coloridos e sentava todos os dias no banco da praça para jogar conversa fora com os amigos, contar piada, sorrir, gargalhar ou jogar damas; pois é, esta manhã não acordou, morrera dormindo! Serenamente, dormindo. Ah! E sabem aquela senhora a qual a família quase nunca vinha visitar e que de vez em quando saia na rua para varrer a calçada ou dar comida aos pombos? Tivera uma síncope, quando a levaram ao hospital já não havia mais tempo. Culpa dos filhos que não lhe davam atenção? Talvez...não se sabe se morrera de tristeza, solidão, ou se o destino quis assim; Para a morte não existe um por que, nem ao menos uma razão.
Nunca entendia quando as pessoas falavam, "só para a morte não há saída", ou, "todos vamos passar por isto; e temos que estar preparados", pois falavam isso com tanta frieza e indiferença que eu chegava a pensar que nem doía tanto assim, afinal, à partir do momento em que nascemos já fomos avisados que, de certo modo, temos sim um "prazo de validade".
Até que, um dia, pude ver o sofrimento de uma destas mesmas pessoas que referiam-se tão friamente a palavra "morte", como se tal perda fosse insignificante a ponto de ser apenas mais um acontecimento triste em nossas vidas; ela chorava, soluçava e perguntava-se porque aquilo havia acontecido com aquele ente tão querido, dizia que não era justo, perguntava-se que Deus era este que havia levado alguém de tão bom coração daquela maneira. Mal sabia que aquele mesmo Deus estava ali, ao seu lado, dando-lhe força para caminhar, seguir em frente, apoiando-lhe a cada instante de dor; não uma dor comum, daquelas que apenas um analgésico faça passar, mas uma dor intensa, sofrida, quase que infinita. E aquele era apenas mais um prazo expirado, não antes, nem depois do tempo, apenas no período certo.
Acredito que quando as pessoas se vão cedo demais é porque Deus as está precisando lá em cima, junto a ele, que suas missões aqui já tenham se cumprido e é hora de partir para um outro plano, um plano melhor e mais tranquilo, embora saiba que, não sem dor, dia desses a morte baterá nossa porta, e não será muito fácil, nem mesmo estaremos preparados ou conformados com o que denominamos ser o fim. Porém, quem sabe seja apenas o recomeço, seja o portal de passagem para algo novo, algo que nos faça entender todo real sentido dessa coisa toda, de nascer, viver, morrer e quem sabe DESPERTAR....
Há um infinito de incertezas ao nosso redor; Não podemos prever o que será do amanhã, porém, podemos viver intensamente o hoje, e assim fazê-lo valer a pena....