quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

O mundo acaba hoje e eu estarei dançando...

Para ouvir ao som de "Fix you", Coldplay

"O tempo é a idade do móvel da eternidade imóvel."
Platão
                                                                                                                                                          


E ainda que tudo um dia pareça infinito, indelével  e interminável, lhes digo, não é! Tudo vai se acabando, tendo um fim,  aos poucos, sem querer, discreta e silenciosamente, mas vai.
No fim do mês acaba o xampu, o sabonete, desodorante, acaba o creme dental, o salário, o mês.
No fim da semana acaba-se a correria, o trabalho, o estresse, a rotina, os dias, acaba a vontade de acabar.
 No fim do dia, acabam-se os planos para aquele dia, acabam-se as mágoas adquiridas, a conversa mal resolvida, o choro, o sono, às horas.
Há  finais que chegam bem devagar, quase como se não quisessem chegar, arrastando-se sobre o tempo, lutando para que ele, com toda sua soberania e prepotência não dê um basta; não assim, tão abruptamente, mas que espere um pouco mais, e quem sabe as coisas se resolvam e volte a ser tudo como antes...quem sabe a maré mude, e o barco retome  seu rumo certo. E se tenta desesperadamente fazer com que o tempo não se acabe, agarrando-se em cada vã esperança que ainda possa haver, implorando para que haja uma nova chance de recomeçar e fazer tudo diferente, afinal os erros nos remetem a novos e melhores acertos. E que nos seja dado apenas mais uma oportunidade, de não ter sido tão áspero ao telefone, de não ter batido a porta com tanta força ao sair, de ter desejado verdadeiramente um bom dia, e não apenas um “pra você também”; de ter abraçado mais forte e sem receio aquela pessoa tão especial; de ter passado por cima de toda mágoa e orgulho que ainda pudesse haver sobre aquela relação; de ter “esquecido” algumas contas só naquele mês e assim ter ido aquele show imperdível, que você quis a vida toda, mas que a falta de grana não o permitiu.
Então, quando nos damos conta já é muito tarde, e o tempo, determinante, tem prazo e hora certa para o fim. Não há força que o detenha, é inevitável e preciso.
Há finais que são  velozes, avassaladores e impiedosos, esses sim, são devastadores, injustos, cruéis, doloridos...
Porque tudo precisa ter um fim? Ou porque esse fim tende a vir quase sempre antes do esperado, sem  ao menos ser convidado. Não ser convidado? Hey, como assim?  E quem disse que já não estava escrito? Toda história tem sim, começo meio e fim, ainda que esses determinados instantes sejam, por tantas vezes, tão breves;  não há como estipular momentos certos e precisos, cada um com seu cronômetro próprio, sua ampulheta predestinada. E quando o último número for zero, ou quando cair o último minúsculo e quase que invisível grão de areia, pronto, tudo se encerra, se acaba, chega ao seu final.  Não! Não tente virar a ampulheta ou ajustar o cronômetro para que ambos voltem com seus respectivos tempos perdidos, eles não vão voltar, não há essa possibilidade, o tempo é  finito e inalterável. Conforme-se. Este é o fim.