segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Já faz tempo eu vi você na rua, cabelo ao vento, gente jovem reunida, na parede da memória, essa lembrança é o quadro que dói mais...


             E o domingo amanheceu triste. Nossos corações apertados. Nossas almas tristes. Em dias como estes, não se tem vontade de fazer muita coisa, o corpo se move, mas a cabeça paralisa, não consegue acompanhar; A gente fica meio zonzo, são muitos pensamentos, reflexos, lembranças, suposições... Quem no dia de hoje não se pôs no lugar de algum daqueles jovens? Quem não lembrou de alguma vez que a mãe tenha ligado pra saber se estava tudo bem, ou a que horas chegaríamos em casa; quem já não ouviu: "Leva um casaco, pode esfriar", "Se beber, venha de táxi pra casa". Sim, são frases um tanto repetitivas, sim, este texto é clichê. Não, não é um texto apelativo, muito menos estou engajada em alguma "campanha" de alerta aos jovens, tão pouco escrevo para dar lição de moral em alguém; Apenas reportei-me a todas essas ocasiões também já vivenciadas por mim. Apenas me entristeci diante de tal catástrofe. Meu peito esteve doído durante todo esse dia 27 de janeiro, um aperto tão grande capaz de causar nó na garganta e uma vontade demasiada de chorar a qualquer momento. Não conhecia nenhuma das vítimas, tão pouco suas respectivas famílias, estive poucas vezes em Santa Maria, e conheço pouco a cidade também; Mas pude sentir daqui, a tantos quilômetros de distância, tamanha dor e angústia sentida por todos aqueles que tiveram o coração dilacerado por todas essas perdas absurdas e irreparáveis. Fico me perguntando, e agora, como vai ser? Como esses pais órfãos tão prematuramente de seus amados filhos, continuarão a viver? Quisera nós, pudéssemos abraçar cada pai, mãe ou irmão neste momento, quem sabe diminuir um centímetro de dor, ou pelo menos poder olhar nos olhos destas mesmas pessoas e dizer "eu sinto muito!"
 Vos digo, me de dói pensar sobre isso, embora seja inevitável.
Não sinto vontade de reclamar de nada, nem de ninguém, apontar culpados neste momento, pra que? Reclamar por que uns sentem menos, e outros mais, pra que? Entendam, as pessoas são diferentes, os sentimentos são diferentes.  Há quem se importe com o adiamento de determinada festa, que se limite a pensar que esta lamentável situação não tenha relação alguma com tal evento, que a vida segue e que não há motivos para "interferir" na vida de outras tantas pessoas por algo que já aconteceu; Mas há também, os que passaram o domingo inteiro consternados diante de tal tragédia, que dormiram mal, acordaram mal, seguiram sim suas vidas, porém abalados, encolhidos e tristes. Estes, assim como eu, não estão dando importância para a casa que haviam reservado na praia, nem para as férias que foram programadas justamente para próxima semana, devido aos supostos eventos; estes, não vêem a mínima graça em festejar um inicio de fevereiro, quando o fim de janeiro fora tão triste. Estes, estão doídos com a dor do outro. 
A gente sente sim, muita indignação por tudo isso, se questiona, tenta entender, não vê coerência nos fatos; sente uma imensa revolta por tamanha injustiça. Irresponsabilidade de alguns, negligência de outros, insensibilidade de muitos...não há palavras ou sentimentos que cheguem a tempo. Não há lógica, nada ameniza, há dores que são incuráveis, feridas que são para sempre.
 Serão sorrisos nunca mais vistos, abraços nunca mais sentidos, e assim a vida vira lembrança, e as lembranças por sua vez, viram saudade.

27/01/2012, dia em que a Terra amanheceu cinza e o céu cheio de luz.

Muita força, muita paz...

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